"Fui festejar na noite em que soube" que voltava
É com alguma timidez que Nuno Viegas, o marchante "mais dedicado" da Bela Flor, confessa que gostaria que houvesse ensaios no ano inteiro. Aos 23 anos, representa pela quinta vez o seu bairro, que regressa ao concurso depois de dois anos de ausência. "Fui festejar na noite em que soube", garante, durante uma pausa no ensaio que decorre no Santana Futebol Clube - coletividade que, neste ano, abdicou de organizar o conjunto.
"Tudo isto é novidade", sintetiza Catarina Esteves, responsável pela marcha a cargo da Associação Viver Campolide e que, nesta edição, vai viajar até ao "Reino das Maravilhas". "Pegámos no tema central das marchas - a [obra] Peregrinação - e centrámo-nos na chegada dos portugueses ao Oriente", explica. O ensaiador precisa que a intenção é mostrar a influência entre os povos.
"Em vez de irmos para um tema mais tradicional, fomos para um tema importante para a cidade", sublinha João Pedro Mascarenhas, sem revelar mais detalhes. O coreógrafo é igualmente esquivo quando se fala em objetivos para este ano. "Queremos que reconheçam o nosso trabalho", limita-se a referir, acrescentando, ainda assim, que a Bela Flor quer "provar que tem um lugar nas Marchas Populares".
A avaliar pelo ensaio que, devido à chuva, decorre a título excecional num espaço coberto manifestamente pequeno para treinar a coreografia, o futuro está garantido. Embora nem sempre disciplinados, são muitos os jovens que cantam a plenos pulmões e se empenham, sorridentes, quando é altura de atuar. Tudo para demonstrar que, apesar de se situar em Campolide, a Bela Flor é um bairro com identidade própria.